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O caso Tim Lopes



No dia 03 do mês de junho de 2002, uma segunda-feira, por volta das 11:00 hs estava sentado em minha sala na Delegacia, quando fui comunicado sobre a presença de um advogado da Rede Globo de Televisão que acompanhado por um motorista da emissora registrava o desaparecimento na noite anterior do repórter “TIM LOPES”. Sob o comando de uma jovem Delegada, iniciávamos a caminhada rumo à Favela Vila Cruzeiro, onde entravamos uma hora após tentando colher os primeiros indícios do que poderia ter realmente acontecido. No interior daquela favela o comentário era intenso dando conta de que um homem que filmava os traficantes havia sido detido, barbaramente espancado tendo seu corpo sido carbonizado numa caverna localizada no alto daquele morro e que era denominada de “Forno Micro-Ondas”. Em seguimento rumamos para aquele sombrio local onde pudemos constatar que manchas de sangue vivo e restos de pneus queimados que ainda continham pedaços de carne humana se faziam presentes na porta daquela gruta. Todos os indícios demonstravam que ali havia ocorrido um sacrifício macabro na noite anterior, justamente á noite do sumiço de “TIM LOPES”, sendo acionada a criminalística afim de que todo o material fosse coletado para fins de comprovação através do exame de DNA, único fato capaz de confirmar a real identidade daquela vítima, porém para frustração de todos o exame não confirmava ser os restos de “TIM LOPES”.

Dias depois eram presos pela 38ª DP-Brás de Pina, dois traficantes que sabiam sobre o fato, comparecemos naquela distrital e após interrogatório veio a tona toda a brutalidade ocorrida, que teria consistido na captura de “TIM LOPES” na favela Vila Cruzeiro, no seu transporte em veículo ate a favela da Grota, onde teria sido o repórter recepcionado por Elias Maluco, ratinho, zéu e xuxa. Ambos os presos relatavam em riquíssimos detalhes toda a ação criminosa desde a abordagem, transporte, reconhecimento, amputações e carbonização de Tim, fato que nos levava mudar o local de procura e a intensificar diligências na favela da Grota-pedra do sapo, onde posteriormente eram encontrados ao lado de um campo de futebol , num cemitério de ossos, os pertences do repórter; seus ossos; uma espada carbonizada tipo “Ninja” e subsequentemente o exame de DNA, comprovava a sua identidade.

O trabalho investigatório era coroado de êxito com prisões importantes, através da delação premiada, que traziam à tona toda a mecânica usada no ilícito detalhando o sofrimento de “TIM LOPES”, que tivera suas pernas amputadas com uma espada do tipo “ ninja” ainda vivo, bem como a apreensão do veículo, produto de roubo, que o transportara até seus algozes.

Aproximava-se o prazo para a conclusão do Inquérito Policial, que continha 658 páginas, porém uma coisa ficava patente, que “ TIM LOPES” jamais fora aquele local filmar o baile funk, como havia sido propagado desde o inicio e sim filmar o tráfico de drogas e o seu forte armamento, fato que teria motivado a sua detenção, reconhecimento , carbonização e morte , pois sendo agraciado com o prêmio esso tivera a sua figura publicamente divulgada.

Após esta conclusão investigativa, com a identificação dos 09(nove) assassinos, sofri uma das maiores violências como profissional de policia, sendo humilhado, execrado e afastado em rede nacional, após uma nota oficial do Governo do Estado, porém dias depois elogiado pelo Ministério Público e Justiça. Os autores do bárbaro crime foram julgados por infração ao ART. 121, § 2º, I, III, IV, C/C ART. 29 ART. 211, C/C ART. 29, II, Alínea(s) "b", e ART. 62, I ART. 288, § ÚNICO, e ART. 62 , I do CP., condenados a penas médias de 37 anos, 06 meses e 360 dias de prisão.


Relatório caso Tim Lopes
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